Friday, January 22, 2016

Uma pequena homenagem à Marília Pêra






Marília Pêra faria aniversário hoje, dia 22 janeiro de 2016. Infelizmente, ela nos deixou em dezembro passado. E como minha pequena homenagem à esta grande atriz, reescrevo aqui, a entrevista que fiz com ela, em Nova York, em meados dos anos 90.

Ganhadora de um prêmio internacional oferecido pelos críticos cinematográficos de Nova York pelo filme Pixote, de Hector Babenco, na década dos anos oitenta, Marília Pêra é, sem dúvida, uma das 
maiores estrelas do teatro e cinema brasileiros.Tive o prazer e a feliciade de compartilhar algumas horas com Marília Pêra, numa tarde de inverno, em Nova York, onde conversamos sobre o início de sua carreira, vida particular, o papel da mulher nos palcos brasileiros, os novos talentos e seus futuros projetos.

Wilson: Como é seu nome completo?
Marília: O meu nome de nascença, de batismo é Marília Soares Pêra. Eu  me casei aos dezessete anos com um homem chamado Paulo César da Graça Melo. Eu nunca me separei dele porque ele morreu num desastre de carro. Então, meu nome nos documentos é Marília Pêra da Graça Melo. Eu fiquei com o nome de casada, mas sou viúva oficialmente. E Marília Pêra, meu nome artístico.

Wilson: Nunca soube seu nome por inteiro...
Marília: Eu acho que nunca ninguém me perguntou isso. Eu sou Soares, também. Meu pai se chamava Manuel Maria Soares.

Wilson: Eu sei que sua família é de teatro e você também teve experiência com o circo. Mas quando é que você começou sua carreira como atriz?
Marília: A minha mãe conta que eu entrei em cena, pela primeira vez, no colo de uma amiga dela no Teatro Santana, em São Paulo, aos dezenove dias de idade. Mas, pelas minhas pernas, eu entrei, em cena, quando eu tinha quatro anos na peça Medéia, de Eurípedes.

Wilson: Eu acho que sua paixão sempre foi o teatro...
Marília: A minha paixão sempre foi... quero dizer, a minha primeira paixão foi o balé. Quando eu era criança, eu queria ser bailarina. O meu pai, que era um homem muito ligado à música clássica, queria que eu estudasse piano. Eu estudei dez anos de piano para agradar a ele. Na verdade, eu comecei muito cedo a fazer balé clássico. Eu queria ser bailarina clássica. Bem, como vivia no meio de atores e atrizes, minha paixão passou a ser o teatro. Hoje em dia, eu continuo adorando o teatro porque ele é a arte do ator. Eu gosto muito de modificar as coisas. Eu nunca faço uma  peça, um espetáculo igual ao outro. É um método, nem melhor nem pior. Chico Anísio, por exemplo, que é um fantástico ator, diz que faz exatamente as mesmas coisas todos os dias. Eu não. Eu gosto muito de brincar. De modificar. E o teatro dá esta possibilidade de melhorar. Acho que a televisão é importantíssima para divulgar o artista ao público nacionalmente, e o cinema é importantíssimo para jogar este artista no mundo. E foi por causa do Pixote que eu ganhei um prêmio internacional de cinema que eu nem esperava.

Wilson: Concorrendo junto com você estavam Fay Dunaway...
Marília: Fay, Diane Keaton e algumas outras.

Wilson: Marília, qual foi o seu primeiro filme?
Marília: Olha. Não me lembro o nome dele, mas há um filme que meu pai fez com o Grande Otelo... talvez... Luz Dos Meus Olhos, que penso até que minha avó também trabalhou nele. Eu tenho um pequeno take, assim batendo palmas. Este foi o meu primeiro filme. Mais um monte de filmes que meu pai fez de mim... dançando, em 16 mm, que já se perdeu... Mas, profissionalmente, foi O Homem que Comprou o Mundo, de Eduardo Coutinho, em 1967.

Wilson: E no teatro, qual foi o seu primeiro prêmio? O Fala Baixo de Leilah Assunção?
Marília: Sim, o meu primeiro Molière, eu ganhei com Fala Baixo Senão Eu Grito, em 1969.

Wilson: Então, você já estava fazendo cinema e teatro trambém...
Marília: Desde que eu estreei fazendo Medéia, aos quatro anos, eu fiz várias peças com aquela idade. Vários dramas psicológicos. Sempre que precisavam de uma criança, eu estava lá. Dos onze aos dezenove, eu fiz muito balé clássico. Eu era bailarina clássica no circo. Fazia ponta e tudo. Fui ao México, Argentina, Chile... Foi aí que eu comecei, pela primeira vez, a fazer algumas imitações de Carmen Miranda, no México, em 1964. Mas muito antes disso, quando tinha quinze anos, sempre como bailarina clássica, eu fiz uma revista que se chamava De Cabral a JK, de J. Mayer e Max Nunes que trabalha com o Jô Soares até hoje. Foi ali que conheci meu primeiro marido. Fiz uma série de revistas, sempre como bailarina clássica, na Praça Tiradentes. Trabalhei com o Colé. Trabalhei grávida. Depois viajei por todos aqueles países e quando voltei, em 1964, estavam abertos os testes para Como Vencer na Vida Sem Fazer Força. Os americanos foram ao Rio para fazer os testes e o papel principal estava entre Elis Regina e Terezinha Mayo. Elis não era nada conhecida; nem eu. Ela estava chegando do sul e a Terezinha já havia feito algumas peças como atriz, mas era muito jovem. Uma era excelente atriz e a outra, excelente cantora. Os diretores e coreógrafos já me conheciam de My Fair Lady. Eu fui bailarina naquela peça com Bibi Ferreira. Eu furei a onda dos ensaios, onde o diretor não queria uma bailarina fazendo o papel principal. Fui até os americanos e lhes implorei que me deixassem fazer o teste. Fiz e ganhei. Foi aí que comecei mesmo minha carreira de teatro.


Wilson: Uma coisa que eu queria lhe perguntar... Eu sou fã da Elis...
Marília: Eu também. A maior cantora que o Brasil já teve.

Wilson: Acho muito interessante você mencionar o seu processo de teatro que nunca é o mesmo. Elis fazia exatamente isso em suas interpretações...
Marília: Eu também, mas nem tanto quanto ela. A Elis dava três saltos mortais sem rede, não é? Eu faço isso um pouco. Eu arrisco muito...

Wilson: E uma das coisas que mais me emocionaram em seu único filme, em inglês, Mixed Blood, de Paul Morrisey, é você usando um button com a foto da Elis...
Marília: É a Elis... Eu sou louca por ela. É uma honra mesmo. Eu gosto de muitas cantoras brasileiras, mas para mim, não existe, jamais existirá alguém como Elis.

Wilson: Um fenômeno...
Marília: É, um fenômeno. Um gênio. Mas o que foi horrível é que ela morreu no dia em que eu estava vindo a Nova York para receber o prêmio pelo Pixote. No mesmo dia. Fiquei assim: Por que é que ela fez isso comigo? Naquele dia, acordei toda feliz. Tinha feito as malas no dia anterior. Toda feliz que eu estava vindo para Nova York, quando recebi a notícia. Ao voltar ao Brasil, li todas aquelas matérias que escreveram sobre ela. Me tranquei em casa, no Rio, durante o Carnaval, e comecei a escrever cartas para os jornais, reclamando da falta de respeito deles com a Elis.

Wilson: E o cinema nacional, Marília?
Marília: Você sabe.. eu sou uma atriz que começou a ser chamada para fazer cinema muito tarde. Eu fiz o filme do Eduardo Coutinho, em 1967, e depois fiz pequeninas pontas em dois filmes e até 1975, eu não tinha sido chamada para fazer nada. Eu não sei se os diretores de cinema, naquela época, não iam ao teatro. E eu era uma atriz de teatro, não era uma atriz essencialmente de televisão. Ou se meu tipo físico não era adequado para uma estrela como eram Adriana Prieto, Sônia Braga, Hossana Guessa, Darlene Glória, Dina Sfat, Leila Diniz, Irene Stefânia, Odete Lara... Talvez o  meu tipo físico não se adequasse. Não sei o porquê, mas eu não era chamada. Foi uma sorte quando eu fui conhecer o Hector Babenco que estava para fazer O Rei da Noite, com Paulo José. Ele não me conhecia e queria a Dina Sfat ou a Darlene Glória, mas as duas não podiam. O Paulo foi quem insistiu com o Hector para que eu fizesse o papel. O Hector nem me dava bola durante a filmagem;  me aceitou por causa do Paulo. Depois ele comentou que com o filme montado, ele percebeu que eu tinha feito um bom trabalho. Então, por causa de O Rei da Noite, ele me chamou para o Pixote que me abriu um leque de possibilidades. Eram quinze minutos de filme que ele não havia escrito para mim. Quero dizer, o cinema entra na minha vida muito esporadicamente. Eu não sei como anda o cinema nacional.
Acabo de fazer Tieta, uma ideia da Sônia Braga que é co-produtora e dona do filme junto com americanos e italianos. Ela foi quem chamou o Cacá para dirigi-lo. Cinema no Brasil é muito difícil, o filme, muito caro... Mas, embora com algumas situações ainda precárias, foi a melhor produção do cinema que eu já trabalhei. Como está o cinema nacional? Eu não tenho a menor ideia. Diretor brasileiro não deixa o ator ver o copião. É triste. Aqui, quando fiz o filme com o Paul Morrisey, nós viamos os copiões todas as semanas. Era muito divertido. A gente mudava coisas... Mas lá, eles não deixam.

Wilson: O que você tem feito no teatro?
Marília: Nos anos retrasado e passado, fiz uma excursão por todo o Brasil com Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde, numa terceira versão, completamente diferente onde eu fazia até uma meio-Madonna, no final. Uma versão de uma hora e vinte que foi um grande sucesso outra vez. Dirigi algumas peças nos últimos anos, além de Irma Vap -- o meu maior sucesso como diretora -- uma peça francesa sobre Pierre e Marie Curie, em São Paulo. E agora, estou voltando para o Brasil para começar a gravar uma novela pela TV Plus, uma tevê independente que veincula na Bandeirantes. Uma novela que se chama O Campeão. Gravo até o fim de abril e daí vou a São Paulo para começar a ensaiar Master Class, de Terrence McNally, baseado em Maria Callas. Assim que cheguei a Nova York, fui ver esta peça porque eu tinha lido n'O Globo o que uma jornalista que mora aqui escreveu: "Marília Pêra, vá ver Master Class, compre os direitos, antes que alguma aventureira..." Eu fui, mas não quis comprar, não, porque estou muito cansada desta história de produzir, dirigir, interpretar e tomar conta de tudo. É um desgaste muito grande. Vi a peça com minhas filhas e pensei que o papel pudesse ficar para a Fernanda Montenegro, a Beatriz Segal ou a Irene Ravache...para uma das grandes atrizes brasileiras. Daí, recebi um telefonema do Jorge Takla, um diretor de São Paulo que mexe muito com ópera e louco por Maria Callas, me perguntando se eu iria fazer ou não porque a Fernanda queria fazer. Ela faria maravilhosamente. A atriz americana é fantástica. Ela até parece um pouco assim com a Fernanda, o jeito...

Wilson: Mas eu te vejo mais no papel...
Marília: Porque eu tenho mais ligação com ópera do que as outras atrizes brasileiras. Eu acho também que eu tenho mais a idade da personagem. E o Takla tinha que resolver logo e se eu dissesse sim, ele iria montar a peça em julho. Ele tem o teatro Cultura Artística, em São Paulo. Enfim, eu vou fazer o comecinho da novela, saio para a estreia da peça e volto para terminar a novela. Existe também a possibilidade de eu participar, no próximo ano, de uma peça aqui em Nova York, no teatro Intar (off-Broadway), uma ideia da Maria Duha, com direção de Max Ferra.

Wilson: Qual é a sua opinião sobre a mulher brasileira no teatro?
Marília: Eu não sei como é nos outros paises, mas no Brasil, o teatro brasileiro é um matriarcado mesmo. Embora tenhamos excelentes atores, eu percebo agora que para cada dez grandes atrizes novas, há dois grandes atores. Esta é a média. Eu acho que o palco brasileiro é principalmente das mulheres, sem desmerecer alguns atores extraordinários. Mas a mulher está na frente, no palco.

Wilson: E de um modo geral?
Marília: A mulher brasileira em relação à mulher americana? A mulher brasileira é mais carinhosa, delicada, amorosa. Mais mulher mesmo. Eu sinto que as americanas têm mania de falar com a gente como a dona Margarida, não é? Sinto-me como se fosse uma criança, meio débil mental quando falam comigo. Acho que é uma coisa de atitude... meio rude. Acho que a mulher brasileira é mais delicada, mais permissiva... Os filhos, em geral, das mulheres brasileiras, aprontam mais porque elas deixam mais... (Risadas)

Wilson: Quantos filhos você tem?
Marília: Eu tenho duas filhas e um filho. O Ricardo tem 34 anos. É um senhor, já. A Esperança faz vinte e um agora em março e a Nina quinze. As meninas moram aqui, em Nova York, com o Nelsinho Motta. Estão estudando inglês, canto, drama...

Wilson: Eu concordo com você quando diz que o palco brasileiro é das mulheres. Quando se fala em teatro, pensa-se logo...
Marília: ... nas estrelas. Nas grandes atrizes.

Wilson: A não ser Paulo Autran...
Marília: Sim. Paulo Autran, Nanini, Walmor Chagas, Raul Cortez... Fernanda... Irene Ravache... e as novas: Débora Boch, Fernandinha Torres, Cláudia Raia, Cláudia Abreu, Giulia Gam, Glória Pires, Patrícia Pilar... Se você me perguntar sobre um jovem ator, eu terei que ficar pensando um tempinho, assim... Você viu quantas jovens atrizes eu sei? Um jovem ator? Eu posso estar cometendo uma injustiça, mas não me lembro. Uma outra coisa sobre as mulheres... é que eu estou aqui em Nova York desde o comecinho de novembro e conheci mulheres extraordinárias. Tive contatos muito mais profundos com mulheres do que com homens. Aliás, não conheci nenhum homem assim com quem eu ficasse mais intimamente ligada. A minha professora de inglês, a Dorothea, que é uma americana, é uma fadinha pequenininha, de olhos azuis, uma pessoa da maior bondade. A Iara Zuniga, uma amiga e companheira que sempre me acompanha quando vou assistir a concertos e óperas no Lincoln Center. A assistente do meu dentista, a Kellen, é brasileira do Paraná. A Deli, minha manicure e a minha professora de canto, a Stela Brandão... Pessoas que eu conheci aqui e que ficaram íntimas. Pessoas com quem eu posso contar.


Wilson: E você passou receitas de crochê e tricô para elas?
Marília: (Risadas) Mas elas me ensinaram muitas coisas...
Wilson: Porque os homens não passam nada...
Marília: (Mais risadas)

Tuesday, January 19, 2016

What's Performance? Part II

Before starting my Master's Degree in Performance Studies at NYU (2000-2001), I must confess I used to think that everything in the world was performance. But here's what I came across reading Richard Schechner's text What's Performance? What are Performance Studies? In his text, he quotes, "All the world is not, of course, a stage," Erving Goffman wrote, adding: "but the crucial ways in which it isn't are not easy to specify" (1959:72). I was once again definitely in the dark.
During the time I was at Tisch School of the Arts, in NYC, I went to see -- among many others -- two different "performances": one at La MaMa, The Theatre of the Ears, a radiophonic play performed by an electronic puppet, with a collage of texts by French writer Valere Novarina and translated by Allan Weiss. The other performance had the world famous actor Ralph Fiennes as the leading character in Shakespeare's Richard II at BAM. The British play was phenomenally well mounted and as I was coming out of the theater, I could hear a few theatergoers around me saying, "What a performance!" It seemed to me that what they had just seen could easily cause them call it a "real performance." Would that be because that specific performance was rehearsed, practiced and had definitely required training? My answer to that questions was inevitably fast: "Yes."
On the other hand, as I was in the darkness of the audience watching The Theatre of the Ears, I was surely flabbergasted by the work itself. However, a question kept ringing in my own ears: "Is this performance?"



And here's why I was terribly puzzled by it: the 40-minute piece consisted basically of an electronic puppet and three mini wheeled-carts moving about the tiny stage. Each mini robot-cart had a loudspeaker placed on top of it. For a moment, I thought I was watching three robots but nothing else. Was that 'performance'? By the end of the show, a vivid thought crossed my mind: "Yes, this is a performance indeed. This could never be labeled an 'everyday behavior'." Schechner's words, from the same text aforementioned, once again fit like a glove: "It is necessary to add that every genre of performance, even every particular instance of a genre, is concrete, specific, and different from every other." There! Two completely different theatrical works but nonetheless two performances.
As I was reading Barbara Kirshenblatt-Gimblett's text Performance Studies, my understanding about what performance is seemed to take shape: "The repudiation of mainstream theater led performance artists seek out, resurrect, and adopt forms of theatrical performance overshadowed or forgotten as parts of our theatrical heritage because of the dominance of the well-made play (and here's Richard II would be the utmost bet example). Since the sixties, experimentation in performance art (and here The Theatre of the Ears would easily be a fine example) has embraced revival of circus, nightclub acts, ritual, story-telling, masques, mime, puppetry, stand-up comedy, television game shows, and talk shows."
When I first started my investigation about performance, I truly believed that a sales person trying to sell his/her merchandise to an undecided customer, the traffic officer directing the traffic at a crossroads, the setting up of a Farmer's market on a square or street, a teacher showing his/her students how to solve an Algebra problem, the employee at a Laundromat rolling up his/her customers' socks, the pizza man throwing his round and soft pizza dough up in the air, the homeless begging for money on a subway car full of sleepy passengers, a young man or woman waking a few dogs down the street to make a living, and a squeegee man washing the windshield of a car at a traffic light were examples of "performances." I was wrong. These activities, which would be called "slices of life," are not performance per se. These are definitely everyday behaviors, for they were not "scripted, authored by someone." (Schechner)
Therefore, my original idea about what performance is has certainly changed throughout the years: Everything can be seen as performance, but not everything is performance. Could that be called an "epiphany"?

Friday, January 15, 2016

A Real, Real Theater Actor

Although Alan Sidney Patrick Rickman -- or simply Alan Rickman -- was known worldwide for his roles in movies such as Die Hard and the Harry Potter series, he was definitely a theater actor. Respected by his peers, Mr. Rickman played several roles on the London stage -- his home and place of birth -- and also on New York's Broadway. Member of the Royal Shakespeare Company, in 1985, Rickman starred in Les Liaisons Dangereuses as Le Vicomte de Valmont, that seducer and sef-distructive man. For sure, he must have been superb or as some critics have pointed out, "the definitive" Valmont. (Sorry, Mr. Malkovich!)
That role was definitely his big break. He was also an assistant director and director. To name just a few, here are the plays he starred in or was in their cast: Kiss of the Spider Woman (I can only now imagine Mr. Rickman playing Molina magnificently) Trilus and Cressida, As you like it, Mephisto, Tango at the End of Winter, Cleopatra, The Winter Guest, My name is Rachel Corrie, Private Lives, and Seminar. Also known for "that voice," the theaters all over the world must have been sad when Alan Rickman left that imaginary stage, called life, on January 14th, 2016 and stepped into its wings for good.

***
Embora Alan Sidney Patrick Rickman -- ou simplesmente Alan Rickman -- fosse mundialmente conhecido por seus papéis em filmes como Die Hard e da série Harry Potter, foi definitivamente um ator de teatro. Respeitado por seus companheiros de profissão, Rickman desempenhou vários papéis nos palcos de Londres - onde vivia e também nasceu - assim como na Broadway, em Nova York. Membro da Royal Shakespeare Company, em 1985, Rickman estrelou em Les Liaisons Dangereuses como Le Vicomte de Valmont, aquele sedutor e homem autodestrutivo. Com certeza, Rickman deve ter atuado soberbamente ou como alguns críticos apontaram, "o definitivo" Valmont. (Desculpe, Malkovich!) Esse papel foi o que o fez ser reconhecido definitivamente pelo público e crítica.
Foi também assistente de direção e diretor. Para citar apenas algumas, aqui estão as peças em que ele estrelou ou participou do elenco: Kiss of the Spider woman (Agora só posso imaginá-lo fazendo Molina de uma forma magnífica), Trilus e Cressida, As you like it, Mephisto, Tango at the End of Winter, Cleopatra, The Winter Guest, My Name is Rachel Corrie, Private Lives e Seminar. Também conhecido por "aquela voz", os teatros de todo o mundo devem ter se entristecido quando Alan Rickman deixou esse palco imaginário, chamado vida, no dia 14 de janeiro de 2016, e entrou para suas coxias para sempre.

***
Aunque Alan Sidney Patrick Rickman -- o simplemente Alan Rickman -- ha sido mundialmente conocido por sus papeles en películas como Die Hard y la serie Harry Potter, definitivamente fue un actor de teatro. Respetado por sus compañeros de profesión, Rickman actuó en varios papeles en los escenarios de Londres - donde vivió y también nació -, así como en Broadway en Nueva York. Miembro de la Royal Shakespeare Company, en 1985, Rickman protagonizó Les Liaisons Dangereuses como Le Vicomte de Valmont, ese hombre seductor y autodestructivo. Seguramente debe haber actuado excelentemente y como algunos críticos han señalado, "el definitivo" Valmont. (Lo siento, Malkovich!) Este trabajo fue lo que finalmente le hizo reconocido por el público y la crítica.
También fue asistente de dirección y director. Para nombrar unas pocas, aquí están las piezas de teatro que protagonizó y participó en el elenco: Kiss of the Spider Woman (Sólo puedo imaginar ahora Rickman actuando como Molina magníficamente), Trilus y Crésida, As you like it, Mephisto, Tango at the end of winter, Cleopatra, The Winter Guest, My Name is Rachel Corrie, Private Lives y Seminar. También conocido por "aquella voz", los teatros de todo el mundo deben haber entristecido cuando Alan Rickman dejó ese escenario imaginario, llamado vida,  el 14 de enero de 2016, y entró en sus bastidores para siempre.



Thursday, January 14, 2016

The First Wednesday2 (an ongoing literary event featuring the works of local writers and playwrights here in Gulfport) was a success last night (January 13th). Presented by Three Muses and a Fool Productions and Solos Theatre Project, Wednesday2 occurs every second Wednesday of the month at City of Imagination. Please consider submitting your work, putting us on your calendar, and passing the word. All submissions should be sent to ciara.carinci@gmail.com. In spite of the snow and sleet outside (just kidding!), we had a nice and engaging audience. This picture was taken minutes before the audience was allowed to come in. Do not miss our second event on February 10th. See you then!

Tuesday, January 12, 2016

What's Performance? Part I

Just a few years ago, I learned that the word performance had been "incorporated" into the Portuguese language. For some time now, the word can be read in Brazilian newspapers, magazines, and books as well as be heard on TV, radio, the movies and the theater. It seems to me that the word desempenho (performance in Portuguese) is somehow considered démodé.
I then picked up my Aurélio Buarque de Hollanda Portuguese dictionary, opened it on the page that the word performance would supposedly be, and to my amazement and delight, there it was, squeezed between two other Portuguese words. My mouth hung open. It was true: the definition of the word is written right after an arrow in bold type (which I later found out that the arrow is used for listing foreign words in the dictionary), and read as follows: 1. Acting, especially in public. 2. Sports. the performance of an athlete (or of a race track horse) during his/her presentation. [See desempenho].
Minutes later, I opened my Le Robert De Poche French dictionary -- just for the sake of it, thinking that I would not find such an entry due to the well-known French attitude towards foreign words in their own language -- and performance was amazingly also there.
Next I picked up The American Heritage College Dictionary from my bookshelf, and read: 1. The act of performing or the state of being performed. 2. The act or style or performing a work or role before an audience. 3. The way in which someone or something functions. 4. A presentation before an audience. 5. Something performed; an accomplishment. 
I confess I was quite intrigued by the number 3: the way in which someone or something functions. I then inferred that -- and according to the dictionary -- performance could indiscriminately mean anything at all.
Performance seems to be such a broad "term" -- for the lack of a better word -- that it would be a quite difficult task for us to find a definitive definition. The use of the word itself has undoubtedly been evolving since "Performance's (the use of capital "P" here is mine) terminology and theoretical strategies we developed during the 1960s and 1970s in the social sciences" (Marving Carlson, Performance a critical introduction, New York, Routledge, 1996, p.13). Many ideas have taken place and shape in our Western culture since then. That somehow enable us to say that the word and its concept have changes and been used in  many a different way.

For example, in his text Performance, Henry Sayre writes, "an artistic performance is further defined by its status as the single occurrence of a repeatable and pre-existent text or score." It is, without a doubt, a way of trying to define what Performance is. However, after reading that definition, I kept asking myself, "Think of a magician or a clown performing in the street in front of an audience. Does he or she have a "pre-existent text"? Wouldn't he or she try to improvise his/her text before this very audience? For not having a text, would his/her presentation be called "performance"? Or would that presentation be considered too "loose" in order to be called "performance"?
Sayre's text ends with the following statement: "performance can be defined as an activity which generates transformations, as the reintegration of art with what is "outside" it, an "opening up of the "field." That certainly reads like a more precise definition of what performance really means today.
I surely do not know how many social transformations and changes, which have somehow shaped different societies, have taken place in the world. But it would certainly be an interesting topic to find out how many world languages and their dictionaries have made so far use of the English word... Performance

Monday, January 4, 2016

Marília Marzullo Pêra... (Com acento mesmo!)
Eu a entrevistei para uma revista para qual eu escrevia em Nova York na década dos anos 90. Estava lá estudando canto para interpretar la Callas, na peça Master Class de Terrence McNally. E também, 
me confessou, para visitar sua filha Nina que morava na cidade.
Quando eu contei a ela que tinha traduzido, para o inglês, a peça Fala Baixo Senão Eu Grito, de Leilah Assunção, ficou interessadíssima, mas ficou por isso mesmo... só no interesse. Fala Baixo tinha sido o primeiro grande sucesso da carreira de atriz de Marília. 
Ela entremeava seus comentários e histórias com palavrões e me pedia que, por favor, deixasse-os de fora do texto final. Lembro-me que na ocasião da entrevista, me contara ter sido assaltada 23 vezes no Rio, e que morava perto da Lagoa. Lembro-me também de que falava de seu amigo Miguel com muito carinho e que gostaria de que eu o conhecesse um dia...mas não aconteceu. Pareceu-me muito simpática quando junto de poucas pessoas, como na minhas duas ocasiões com ela.
A segunda ocasião foi em São Paulo, quando gentilmente me convidou para vê-la em Toda Nudez Será Castigada (meu texto preferido de Nelson Rodrigues) e, depois da peça, jantamos juntos. Logo depois disso, mandei-lhe um texto, um monólogo, mas, naquela altura, já tinha deixado de me responder. Seus assistentes barraram qualquer comunicação entre nós. Coisas de Brasil cor de anil.
Ela era louca pela Elis e, como todos sabem, eu também. Era tão fã de Elis que no único filme que fez em inglês, Mixed Blood, de Paul Morrissey, aqui nos EUA, ela usou,em sua blusa, um button com a foto da Elis. Naquela entrevista, me contara que ela e Elis, no início da carreira das duas, competiram para um papel na montagem da peça Como Vencer Na Vida sem Fazer Esforço, de Shepherd Mead. Foi quando os produtores norteamericanos foram ao Rio para a montagem e Leny Dale se encontrava entre eles. Na época, Elis namorava Nelson Motta que veio, eventualmente, a ser o marido de Marília Pêra.
Última vez que a vi, foi de longe. Estava em cima de um carro alegórico, no carnaval deste ano (2015) quando foi homenageada pela Mocidade Alegre, em São Paulo. Por coincidência, ou não, Elis também foi homenageada pela Vai Vai. A Vai Vai levou o grande prêmio, mas, na minha humilde opinião, a Mocidade Alegre foi a grande vitoriosa e, por tabela, Marília Pêra.
E, para terminar, uma constatação: o triste da ida de Marília é que ao procurar uma atriz que tenha a responsabilidade e o cuidado que ela tinha pela sua carreira... está difícil encontrar um nome sequer. Não existe. 
Marília é única, ímpar, insubstituível.